sobre legalidade
Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. I Cor.10:28
Há boas razões para crer que neste verso Paulo está citando literalmente as palavras daqueles membros liberais da igreja de Corintos, que sob o pretexto da liberdade cristã, comportavam-se de modo a prejudicar os irmãos mais fracos. Segundo alguns comentaristas, o verso podia ser parafraseado do seguinte modo: “Todas as coisas são lícitas”, dizem vocês, “Mas nem todas convêm; todas as coisas são lícitas” repetem vocês, mas eu digo, “nem todas edificam”. É verdade, que Paulo pregara em muitas ocasiões sobre a liberdade do cristão: “para a liberdade foi que Cristo nos libertou”. Gal.5:1. Com efeito, Cristo nos libertou da escravidão do pecado. Cristo nos emancipou do legalismo judaico, que fazia a salvação depender da observância estrita de mandamentos divinos e humanos. Quando, porém, o apóstolo escrevia: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade”, ele acrescentava a seguir a advertência: “Porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.” Gal. 5:13. Evidentemente, havia crentes em Corinto que estavam usando sua nova liberdade em Cristo par seguir suas próprias inclinações, sem considerar as conseqüências. Em nosso verso, Paulo coloca duas ressalvas à chamada liberdade cristã: Primeira, não basta supor que algo seja lícito. É preciso considerar se “convém”, ou como diz outra tradução, se “ajuda”. Segunda, é preciso levar em conta se aquilo que é lícito, em princípio, “edifica”. Quantas vezes nossa liberdade de cristãos “maduros” resulta em tropeço para outros? O cristão sincero estará disposto a se abster de muita coisa lícita, tendo em vista a edificação do corpo de Cristo, que é a igreja. Sua liberdade será governada pelo princípio do amor. Não é nosso interesse o critério final de nossa conduta, mas o interesse de outrem, o interesse da comunidade. I