Sobre Favela
Thaís Soares Rebêlo
O conceito de favela convencionalmente conhecido emerge de uma proposta dominante que está presente nos estudos sobre áreas de ocupação irregular. Segundo Perlman (1997) existem favelas de todos os tipos, mas o que distingue uma favela de outras comunidades pobres é a ocupação ilegal da terra. As favelas se apresentam como áreas frequentemente “marginalizadas”, no sentido de terem “sua localização marginal em relação à cidade, bem como a sua infraestrutura claramente precária, construções desprovidas de condições de segurança e de higiene, e o excessivo aglomeramento.” (PERLMAN, 1977, p. 135).
As evidências desses espaços quase sempre remetem a características negativas, devido ao próprio processo histórico de sua formação inicial dentro das cidades. É por volta da década de
1940 que a favela se tornou um fenômeno urbano oficialmente reconhecido. De acordo com
Caldeira (1984) o crescimento das cidades de forma acelerada e desordenada teve como conseqüência a criação de espaços diferenciados. As favelas passaram a ser vistas, de um modo geral, como um problema social que ameaçava e, ainda ameaça, a paz e a tranquilidade das áreas centrais nas cidades. Tais evidências fizeram com que o poder público tentasse muitas vezes erradicá-las. Para entender a origem da favela é necessário esmiuçar a história da cidade do Rio de
Janeiro, lugar berço da primeira favela no Brasil. O processo inicial de urbanização e industrialização desta cidade resultou, de acordo com Vaz (1994), numa imagem padrão sobre o que seria a favela para os intelectuais da época. Dentro desse contexto, a favela se apresentaria como lugar da desordem. Imagem que até os dias de hoje se perpetua no imaginário social. O preconceito, a falta de informação e de diálogo são problemas que dificultam o caminho daqueles que se enveredam por essa linha de pesquisa, pois “as informações e os dados estão dispersos e,
lamentavelmente não