Sobre favelas
SALVADOR
2011
SOBRE Favelas
SALVADOR
2011
INTRODUÇÃO
Apesar de contribuir econômica, política e culturalmente para a cidade, as favelas do Rio de Janeiro são, desde seu princípio na passagem para o século XX, percebidas como espaços indesejáveis. Se, por um lado, elas vêm sendo cada vez menos percebidas como problema eminentemente sanitário ou moral, por outro aparecem hoje com frequência na mídia como o foco transmissor da violência e da criminalidade. A persistência dessa representação negativa das favelas e seus habitantes remetem a sua história como objeto de diferentes modalidades de controle, seja por parte do poder público, seja por parte de instituições sociais, como a Igreja Católica. A questão das favelas assume um importante papel na história do nosso país. Embora seja considerado um problema cm gênese no final do século XIX, no começo a favela era um problema localizado nos grandes centros. Estalagens, cortiços ou casas de cômodos eram os tipos de moradia de maior predominância entre as camadas populares no final do século XIX e início do XX. Esses locais eram considerados os focos da pobreza e espaço onde residiam alguns trabalhadores e se concentravam, vadios e malandros, enfim, a “classe perigosa”. Além da vagabundagem e do crime, havia também as epidemias. Era uma ameaça às ordens moral e social e percebido como espaço de contágio das doenças e do vício, o movimento sanitarista começa a apontar os riscos potenciais dessas moradias, na sua concepção, tratava-se de focos de contaminação e poderia propagar doenças sérias. Os cortiços foram formalmente proibidos pela legislação, já no final do século XIX, e o sucesso da política de erradicação dos mesmos no Rio de Janeiro resultou na transferência