Sistema financeiro brasileiro e suas transformações recentes
Edição 08
Poucos setores da economia brasileira têm experimentado mudanças tão significativas em sua estrutura, comportamento e resultados, após o Plano Real, quanto o setor financeiro, sobretudo o sistema bancário. Em parte, algumas dessas modificações já eram previstas, pois o programa de estabilização de julho de 1994, ao reduzir drasticamente a taxa de inflação, contribuiu para eliminar quase que completamente os ganhos que o Banco Central e o sistema de bancos comerciais obtinham por exercerem o monopólio da emissão de meios de pagamento na economia brasileira. Para compensar esta redução das receitas de floating, os bancos promoveram alterações nos ativos bancários, com crescimento das operações de empréstimos ao setor privado e, também, procuraram incrementar as rendas provenientes da prestação de serviços. No entanto, essas mudanças na composição de ativos e de receitas bancárias são apenas parte de um processo de ajuste no sistema financeiro muito mais amplo, profundo e que deverá mudar as características d o sistema financeiro nacional, tal como ele existe hoje. Além disso, ao afetar a estrutura e o funcionamento das principais instituições responsáveis pelo financiamento das empresas e dos consumidores, aquelas transformações terão conseqüências não triviais sobre o crescimento da economia brasileira nos próximos anos. Na verdade, a intensidade e a rapidez dessas mudanças só encontram paralelo na história recente do país, no conjunto de alterações institucionais promovidas no mercado financeiro, após o bem sucedido programa de estabilização econômica de 1964-1966, o Plano de Ação Econômica do Governo.
São cinco, pelo menos, os componentes desse processo de mudanças no setor financeiro: a) o ajustamento "involuntário" no número de empresas decorrentes de intervenções do Banco Central, b) o processo "voluntário" de consolidação do setor bancário, c) a abertura controlada do setor financeiro ao