Significações e perspectivas em mudança
A Grécia Antiga constitui um período marcante pois está ligada a propostas de libertação da medicina das suas influências mágico-religiosas. Hipócrates, médico grego, foi quem deu expressão a essa revolução.
A saúde era a expressão de um equilíbrio harmonioso entre os humores corporais, os quais eram representados pelo sangue, pelas bílis negra e amarela e pela linfa ou fleuma. A doença podia resultar de um desequilíbrio destes quatro humores, devido à influência de forças exteriores, como é o caso das estações do ano.
A saúde significava mente sã em corpo são e só podia ser mantida se a pessoa seguisse um estilo de vida consonante com as leis naturais. Assim, no tratamento das doenças, o médico devia respeitar um princípio fundamental e imperativo: primum non nocere, isto é, primeiro, não fazer mal .
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Desenvolvimento do modelo biomédico
Os princípios metateóricos do modelo biomédico atual baseiam-se na orientação científica do séc. XVII, consistindo numa visão mecanicista e reducionista do Homem e da Natureza.
O modelo biomédico tradicional baseia-se, em grande parte, numa visão cartesiana do mundo e considera que a doença consiste numa avaria temporária ou permanente do funcionamento de um componente ou da relação entre componentes. Curar a doença equivalia, nesta perspectiva, à reparação da máquina .
O modelo biomédico respondeu às grandes questões de saúde que se manifestavam na época, definindo a teoria do germe. Esta, dentro do espírito cartesiano, postulava que um organismo patogenico específico estava associado a uma doença específica, fornecendo assim as bases conceptuais necessárias para combater as epidemias. O novo modelo, segundo Ribeiro (1993), permitiu enormes progressos na teoria e na investigação, reorientando a prática e a investigação médicas à volta de três critérios: a) a ênfase anterior, no princípio de que todos os sistemas corporais funcionavam como um todo, foi substituída pela tendência a reduzir os