sexologia
Ana Lúcia Kassouf
Estudo realizado para apresentação no concurso de Professor titular do Depto. de Economia,
Administração e Sociologia da ESALQ/USP em 9 de novembro de 2005
1. Introdução
O tema trabalho infantil, assim como o tratamento analítico dado não são tão recentes na literatura. Apesar de não ter se iniciado na revolução industrial, muitos historiadores apontam para um agravamento da utilização de mão-de-obra infantil nesta época. Já em 1861 o censo da Inglaterra mostrava que quase 37% dos meninos e
21% das meninas de 10 a 14 anos trabalhavam. Pesquisa recente feita por Tuttle
(1999) mostra que crianças e jovens com menos de 18 anos representavam mais de um terço dos trabalhadores nas indústrias têxteis da Inglaterra no início do século XIX e mais de um quarto nas minas de carvão. Apesar da excepcional intensidade do trabalho infantil na Inglaterra, outros países também apresentavam taxas altas de crianças trabalhando por volta de 1830 e 1840, como França, Bélgica e Estados
Unidos.
Os primeiros relatos do trabalho infantil no Brasil ocorrem na época da escravidão, que perdurou por quase quatro séculos no país. Os filhos de escravos acompanhavam seus pais nas mais diversas atividades em que se empregava mão-deobra escrava e exerciam tarefas que exigiam esforços muito superiores às suas possibilidades físicas. O início do processo de industrialização, no final do século
XIX, não foi muito diferente de outros países no tocante ao trabalho infantil. Em
1890, do total de empregados em estabelecimentos industriais de São Paulo, 15% era formado por crianças e adolescentes. Nesse mesmo ano, o Departamento de
Estatística e Arquivo do Estado de São Paulo registrava que um quarto da mão-deobra empregada no setor têxtil da capital paulista era formada por crianças e adolescentes. Vinte anos depois, esse equivalente já era de 30%. Já em 1919, segundo
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Estudo realizado para ser apresentado na