SEPARAR E REINAR
A cidade é constituída como se fosse um imenso quebra-cabeça, feito de peças diferenciadas, onde cada sujeito conhece seu lugar e sente- se estrangeiro nos demais. Desta forma pode-se caracterizar como a segregação espacial, é como se a cidade fosse demarcada por cercas, fronteiras imaginarias, que definem o lugar de cada coisa e de cada um dos moradores. Sendo que as áreas restritas são protegidas por forças armadas, neste caso a segregação é descarada e violenta.
A segregação ocupa vários espaços como classe, raça, faixa etária e principalmente a separação dos locais de trabalho em relação aos locais de moradia. Uma cena clássica que caracteriza o cotidiano da sociedade são pessoas que se deslocam em transportes coletivos superlotados que são a expressão acabada desta separação. Além da separação já mencionada existe ainda a desigualdade de tratamento por parte das administrações locais. Desta forma fica evidente que existe muros visíveis e invisíveis que dividem a cidade.
Do ponto de vista politico, a segregação é um produto e produtora do conflito social. Separa-se porque a mistura é conflituosa e quanto mais separada é a cidade, mais visível é a diferença, mais acirrado poderá ser o confronto, como afirma Rolnik;“Quando se fala em regiões nobres e regiões pobres, está se referindo a espaços que são equipados com o que há de mais moderno em matéria de serviços urbanos e espaços aonde o Estado investe pouquíssimo na implantação destes mesmos equipamentos. (ROLNIK 1988 p. 52)”