Senso Comum e Ciência
Rubens Alves inicia seu artigo citando G. Myrdal, na frase “A ciência nada mais é que o senso comum refinado e disciplinado”. E no decorrer de seu estudo, se utiliza desse mesmo senso comum para demonstrar que a ciência não surge do nada, mas da necessidade de descobertas sobre os comportamentos realizados no nosso dia a dia, desmistificando a figura da ciência como soberana e do cientista como senhor sobre tudo e todos. Ele desperta para a ideia de que todos podem e devem observar procedimentos, gerar questionamentos e encon-trar respostas.
Assim, ainda nesse entendimento, observa-se que o cientista é um questionador, como um de nós, mas que tem especialização. Essa especialização, por outro lado, muitas vezes, o faz colocar a ciência acima do senso comum. Há em cada um de nós o senso crítico que quebra tabu, mas também há o comodismo, a tendência de cumprir rituais já estabelecidas há gerações, formas de comportamentos direci-onados pelo “sempre foi assim”, o conhecido, o comparativo com a ordem natural, o senso comum. Quando o senso crítico prevalece, questionamentos surgem e os problemas reconheci-dos buscam por respostas, o que dá origem à ciência propriamente dita, ou seja, formas de encontrar soluções para a compreensão do que nos cerca, de nossa existência, de nós mesmos. Nessa busca muitas vezes há tendência de isolamento do senso comum como se fosse necessário provar que está tudo errado. Mas como, se sempre deu certo, sempre funcionou? Citando ainda a convivência com os Azande, mostra que não devemos buscar apenas a desculpa perfeita para isso ou aquilo com ocorrência constante, o que por eles é chamado de feitiçaria, pelo simples fato da ordem ter sido quebrada, mas procurar entendimento profundo visando compreensão não apenas do porque, mas de como acontece determinada situação. Ter uma visão do todo buscando compreender as partes deste. Encontrando o problema, chega-se ao conhecimento. É o