Semiotica
O modelo estrutural praticado nas décadas de 60 e 70 criaram hábitos dicotômicos que parecem haver restaurado o maniqueísmo confortável que leva o homem a oscilar entre o bem e o mal, o certo e o errado, o feio e o bonito, enfim, entre duplas antagônicas responsáveis pela instauração dos conflitos que fazem da “pobre criatura humana” um verdadeiro refém das coisas e da história. (SIMÕES, 2000)
Há muito que o ensino de português vem sendo discutido pelos docentes e acadêmicos. Nesta discussão, onde se questiona a intervenção de novidades teóricas e metodológicas mal aproveitadas em sua grande maioria, acaba-se por desaguar num palavrório estéril que supervaloriza a gramática, ou melhor, a nomenclatura gramatical tornando-a a grande vilã e a maior responsável pelo fracasso escolar no que tange à propagação de um domínio eficiente da língua portuguesa e de sua potencialidade expressivo-comunicativa. Da ineficiência da aprendizagem do vernáculo decorre o baixo rendimento nas demais disciplinas, considerando-se que a assimilação dos conteúdos em geral depende da competência de leitura e de expressão escrita do estudante.
O atingimento de patamares aproximados do ideal - um usuário de língua capaz de falar, ler e escrever com eficácia - requer o redimensionamento do roteiro técnico-didático e teórico-prático utilizado pela escola. No plano técnico-didático, a abordagem dos fatos da língua ainda continua bastante distanciada do que o aluno espera e precisa vivenciar em classe para tornar-se um usuário eficiente do vernáculo; no plano da teoria aplicada, vê-se ainda um forte predomínio de prática gramaticalista em que a variação lingüística não é observada com a necessária coerência, isto é: há duas atitudes extremadas neste âmbito - a da obediência cega à gramática normativa, condenando qualquer uso que dela se afaste, independentemente da destinação do texto; a da “libertinagem” lingüística em que “tudo é certo” desde que