Secularização
Secularização e sociedade moderna
Uma trajetória de diferenciação
Historiadores, sociólogos e teólogos falam da secularização, embora com algumas reservas, para se referir às complexas relações que as nossas sociedades modernas têm com a religião. Este termo pode servir, na verdade, de referência inicial para designar um conjunto de características do papel atribuído à religião há vários séculos. Refere-se principalmente ao fenómeno jurídico-político facilmente observável: a separação entre Igreja e Estado. Certamente, a mera enunciação deste facto histórico permite descobrir a importância da diversidade de tradições nacionais e as suas particularidades históricas. Considere-se, por exemplo, nas diferenças entre a Grã-Bretanha (onde o chefe de Estado é por sua vez o Governador Supremo da Igreja Anglicana), Estados Unidos (onde a vida social está impregnada por uma forte religiosidade, apesar de uma separação estrita dos poderes na Constituição ratificada) e França (onde uma longa aliança entre o catolicismo e a realeza terminou com a separação radical e inexorável entre o Estado republicano e a Igreja, separação compensada por outro lado, por muitas adaptações). Não esqueçamos essas diferenças, porque nesta área é fácil e enganoso falar apenas "da" sociedade moderna, quando, atendendo às tradições culturais, é imperioso alterar as suas personagens. Mas na verdade, e esta é a verdade inegável, deste primeiro significado do termo, que um Estado moderno, cioso da sua soberania, não tolera o domínio da instância religiosa, mas procura salvaguardar as relações com a sua própria independência, ou tutela, ou ignorar a pluralidade de confissões, alegando que o Estado respeita, sem reconhecer nenhuma. Estas declarações, que parecem óbvias, não são bem assim, porque as regras usuais entre a política e a religião parecem ser antes, de compreensão mútua e de identificação. Comparando a nossa situação com a de países islâmicos, é óbvia a