Secularização
Considerando a secularização como um processo progressivo de perda de identidade do religioso nos diversos âmbitos da vida social, é fácil perceber que as suas consequências serão refletidas no modo como o homem se relaciona com a própria religião, visto que comporta em si mesma o deslocamento progressivo da religião para fora da esfera pública. Isto implica, como é óbvio, que a religião subsista na sociedade apenas no domínio privado.
Desta forma, a secularização cria condições para que vão surgindo novas atitudes e formas de vivência relativas ao religioso, das quais o estatismo, o laicismo e o cientismo são os seus estados mais radicais, como afirma Paul Valadier.
Estas novas atitudes, refletidas no vínculo social contemporâneo que se torna num vínculo religioso, revelam-se em vários conceitos como o pluralismo, a indiferença e a o novo interesse à volta do religioso.
Se entendermos uma sociedade pluralista como abarcando uma variedade grande de condições que proclamam a verdade como sendo única, percebemos que a fé passa a ser uma perspetiva entre tantas outras, pois o conceito de secularização assim o faz. Estão assim criadas as condições para que não ocorra a hegemonia de uma determinada religião, pois todas têm que ser consideradas como válidas, sendo neste caso o diálogo inter-religioso uma necessidade.
No que diz respeito à indiferença religiosa, consegue-se perceber através daquilo que ela representa – uma forma de ateísmo mais subtil – que é um produto da secularização na medida em que pouco importam as questões religiosas e as colocam à parte como um problema sem interesse. Esta indiferença terá como origem as guerras da religião entre as confissões cristãs, em que fica claro que seria preferível não participar em crenças do que cair neste tipo de fanatismos.