Se Helena Apartar
mote seu
Se Helena apartar do campo seus olhos, nascerão abrolhos.
voltas
A verdura amena, gados que pasceis, sabei que a deveis aos olhos d' Helena.
Os ventos serena, faz flores d' abrolhos o ar de seus olhos.
Faz serras floridas, faz claras as fontes...
Se isto faz nos montes, que fará nas vidas?
Trá-las suspendidas, como ervas em molhos, na luz de seus olhos.
Os corações prende com graça inumana; de cada pestana uma alma lhe pende.
Amor se lhe rende e, posto em giolhos, pasma nos seus olhos.
Luís de Camões
Vilancete em redondilha menor (5 sílabas), com mote de três versos, que se desenvolve em 3 voltas de sete, segundo o esquema rimático: ABB-CDDCCBB (rima emparelhada e interpolada). O último verso do mote não se repete no fim de cada volta.
Olhos de Helena – Natureza
Os primeiros doze versos (incluindo o mote) – efeitos dos olhos de Helena na natureza: a verdura dos campos, a serenidade dos ventos, a transformação dos abrolhos em flores, o florescimento das serras e a claridade das fontes.
Os gados pastam nos campos, cuja beleza e verdura são devidos à magia do olhar de Helena (vv. 4-7)
A paz do seu olhar serena os ventos e transforma os abrolhos em flores (vv. 8-10)
Os seus olhos cobrem as serras de flores e tornam claras as fontes (VV. 11-12)
Olhos de Helena – Amor
Os últimos doze versos, a partir de “Se isto faz nos montes (que fará nas vidas?”) – efeitos dos olhos de Helena em todos os que a veem: trazem as suas vidas suspensas e os corações presos (“de cada pestana uma alma lhe pende” e o próprio Amor (cupido) se ajoelha, rendido, perante a magia do seu olhar.
O olhar de helena prende os corações (vv.18-19)
Pende uma alma de cada pestana (20-21)
O amor ajoelha-se, rendido, perante a sedução do seu olhar (vv. 22-24)
Como o poeta realça a beleza de Helena
Todo o texto se organiza no sentido de realçar a beleza de helena,