Saída pela loja de presentes
Por Max27. julho 2012 06:47
Aqui e ali me deparo com uma discussão sobre o filme Saída pela Loja de Presentes (Exit Through The Gift Shop, 2010). Fala-se, questiona-se fortemente que o documentário dirigido por Banksy — pseudônimo de um artista urbano britânico cujo nome verdadeiro e vida são desconhecidos — seja realmente um documentário ou o que chamamos de mockumentary. Eu acredito que isso pouco importa, pouco importa há muitos anos. Desde que Duchamp pôs um urinol em uma exposição de arte e estabeleceu um princípio de contradição sobre o que deve ser entendido como arte.
Para Marcel Duchamp, naquele distante ano de 1917, não interessava esclarecer se aquele urinol era arte ou não. Na verdade, o que o artista estava fazendo era colocar uma bomba no próprio centro das concepções de arte. Ele plantava uma crítica e a crítica, como tal, é uma expressão de liberdade. A crítica disse: Eu não quero esta educação, eu não quero esta forma de olhar o mundo, eu quero outra.
Saída pela Loja de Presentes faz algo parecido. O diretor diz: Eu não vou dizer se isto é real ou não; isto é simplesmente uma representação da realidade, não uma reprodução da realidade. Isto é verossímil, não necessariamente verdadeiro. Isto é arte, representa a si mesma, tem significado em si mesma, critica a realidade a partir dela mesma. Uma obra de arte não tem por que explicar-se. Uma obra de arte está lá. O filme criado por Banksy está lá, e você decide se o que ele projeta é ou não real. No entanto, sempre será real, porque a arte é uma forma de mostrar a realidade; não por meio, repito, da reprodução exata do objeto, mas por meio da sua representação. Digamos que Banksy, como Duchamp, colocou uma bomba e saiu correndo pelos fundos da loja. A arte sempre sai correndo pelos fundos. Mas Banksy não joga apenas com o formato do gênero documentário. O jogo que propõe não é apenas para deixar aberta, se assim preferir, a discussão sobre a