SANDEL, Michael. Justiça: o que é fazer a coisa certa? Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 2011. Capítulo 1, p. 09-42.
Sandel contrapõe dois pontos. Em primeiro lugar, expõe os argumentos daqueles que defendem a regulação dos preços e as políticas contra aumentos que são considerados [por eles] como abusivos. Menciona, inclusive, que a expressão “livre mercado” pode ser enganosa, na medida em que um comprador em estado extremo de necessidade não pode ser chamado de livre. Esse e outros argumentos, então, fundamentariam a “justiça” da regulação dos preços. Contudo, Sandel aponta que, na verdade, as principais contraposições decorrentes das críticas à não-regulação dos preços se originam, na verdade, no sentimento de que não seria moralmente aceitável que os vendedores – praticantes dos preços exorbitantes – se beneficiassem do desespero alheio.
Disso decorre a possibilidade de se afirmar que, das críticas à não-regulação dos preços, surgem ideias como as de que a ganância não se justifica, moralmente, e de que uma sociedade, em momentos de crise, deve se unir, na busca da solução dos problemas de todos aqueles que a compõem.
Há, contudo, uma importante afirmação que traz luz para a questão: “reconhecer a força moral do argumento da virtude não é insistir no fato de que ela deva sempre prevalecer sobre as demais considerações”.
Sandel menciona, ainda nesse introito, que irá analisar, no decorrer da obra, teorias de justiça que têm como fundamento a virtude e outras que se calcam na liberdade.
Na sequência, Sandel ilustra seus dizeres mencionando a questão da honraria chamada Coração Púrpura e da discussão havida, no âmbito do exército estadunidense, acerca da