Salários
RESUMO
O artigo apresenta a teoria de Adam Smith sobre salários, não apenas quanto a sua determinação quantitativa, mas também no que concerne à concepção de Smith (acompanhado por Ricardo) sobre a natureza do salário vis-à-vis lucro do capital e renda da terra. O mecanismo de população-salário – no qual Smith combina o chamado “princípio da população” com o livre jogo de oferta e demanda (“livre concorrência”) no mercado de trabalho – é formalizado com base na evidência textual da “Riqueza das Nações”. Também com base nesta evidência, o artigo discute e refuta a interpretação de Garegnani e Stirati a respeito da teoria de Smith sobre salários. Tal interpretação atribui papel central ao poder de barganha das partes no mercado de trabalho, em detrimento da livre concorrência.
Introdução
A Economia Política “Clássica”, desenvolvida na Grã-Bretanha durante o último quartel do século XVIII e o primeiro do século XIX, foi elaborada inicialmente por Adam Smith, em sua Riqueza das Nações (1776). No capítulo 8 do Livro I dessa obra, encontra-se uma teoria de salários, a qual foi também adotada pelos dois outros “grandes mestres” da Economia nessa época: Thomas Malthus, quem desenvolveu a teoria de Smith sobre renda fundiária, formulando a chamada teoria “Ricardiana” de renda da terra; e David Ricardo, quem elaborou uma teoria sobre lucros do capital, com base na teoria de Smith sobre salários e na teoria de Malthus sobre renda da terra. Completou-se então uma teoria integrada sobre o “principal problema da Economia Política” (segundo Ricardo): as “leis” que determinam, no curso do crescimento econômico, mudanças na distribuição da renda nacional entre as classes de trabalhadores (salários), capitalistas (lucros) e proprietários de terras,