sada
Pedro Leite Junior
Guilherme de Ockham, junto com Tomás de Aquino (1225 – 1274) e João Duns Scotus (1265/66 – 1308), é uma das figuras proeminentes na história da filosofia durante a Baixa Idade Média. Freqüentemente, não sem razão, seu nome é associado a noções, tais como: ‘A Navalha de Ockham’ (princípio metodológico de parcimônia), ‘nominalismo’, ‘lógica terminista’ e ‘anti-realismo ontológico’. Ockham tem importantes contribuições em muitas áreas da filosofia medieval: na lógica, na filosofia da linguagem, na filosofia natural, na teoria do conhecimento, na ética, na política e na teologia. Ademais, muitas de suas idéias influenciaram inúmeros autores (quer para criticá-las quer para defendê-las), como, por exemplo, Adão de Wodeham (m. 1358), Walter Burley (1275 – 1344), João Buridano (1295/1300 – 1358/60), Pedro de Ailly (1350 – 1420), Gabriel Biel (1415 – 14 95) entre outros. Embora Ockham seja lembrado como um dos mais significativos lógicos do período medieval é imprescindível dizer que ele foi antes de tudo, um teólogo, filiado à tradição da ordem franciscana, iniciada por Alexandre de Hales (1180 – 1245), Roberto Grosseteste (m. 1252) e João de la Rochelle (m. 1245), na primeira metade do século XII, e mantida e desenvolvida por ilustres teólogos como Boaventura (1217 – 1274), Pedro de João Olivi (1248-1298) e Duns Scotus. É deste último que Ockham aproveita inúmeras noções filosóficas e teológicas que, re-interpretadas, fazem surgir um pensamento filosófico original e revolucionário. É importante observar que o pensamento filosófico de Ockham emerge no interior de uma tradição solidamente constituída, na qual ele desempenha um papel de ‘revisor-inovador’. Utilizando o aparato técnico da lógica e o rigor da análise lingüística sua atividade reflexiva realiza uma verificação dos pressupostos e aufere a consistência dessa tradição. Como resultado desse processo emerge um pensamento genuíno e inovador que prenuncia