Roupas de Axé
AS ROUPAS DE AXÉ NOS CANDOMBLÉS DE SALVADOR/BA:
Traços de memória, linguagem e identidade
Linha de pesquisa: Estudos Étnicos
2014
Formulação do problema e delimitação da hipótese
As roupas de axé 1 perpassam todas as instâncias de um terreiro de Candomblé 2: estão presentes na rotina diária e nos momentos de celebração dessa religião de origem afro-brasileira. Como referido por Vagner Gonçalves da Silva (2008) as roupas estão entre as imagens mais popularmente conhecidas quando se fala em culto afro-religioso. As roupas de axé fizeram parte das observações de antropólogos e africanistas, desde os meados do século XX, como Raimundo Nina Rodrigues (1935) 3, Manuel Querino (1988) 4 e Roger Bastide (1978) 5. É acervo museológico em instituições como o Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia (em Salvador), o Museu da Abolição de Recife, e o Museu Afro-Brasil na cidade de São Paulo. E, com todas essas referências continua a vestir os praticantes do candomblé; a serem utilizadas dentro dos terreiros, em cerimônias públicas e privadas; a ser confeccionada, passada e engomada. E servem como suportes de memória dos praticantes que a utilizaram e da própria religião. Encontra-se, dessa forma, em constante movimento, perfazendo nuances simbólicas que permeiam as regras específicas de uma casa de candomblé e as matrizes básicas de toda uma religião.
Sob essa perspectiva o presente projeto de doutorado pretende analisar a origem secular das roupas de axé, sua construção feita por africanos e afro-brasileiros e que dialoga com questões da estética diásporica (Stuart Hall, 2003) africana na cidade de Salvador, capital do Estado da Bahia. Roupas utilizadas ainda no final do século XVIII – quando surgem os primeiros registros da existência de terreiros de candomblé em Salvador – e que continuam a ser utilizadas no século XXI; propõe-se entender a origem desse padrão de vestimenta e de que