Rituais de rebelião no sudeste da áfrica
“Rituais de Rebelião no Sudeste da África foi um trabalho apresentado por Gluckman como uma conferência em homenagem a Sir James Frazer. Assim, é natural que o autor desenvolva seu artigo dialogando com a obra do antropólogo evolucionista inglês, muito embora acabe por se distanciar de Frazer para apresentar os dados e as conclusões de suas próprias pesquisas. Partindo do trecho inicial de o Ramo Dourado, em que Frazer descreve o ritual do Rei-Sacerdote do Bosque de Nemi, na Itália (para conquistar o sacerdócio, o candidato deve assassinar o atual ocupante do posto, e neste posto permanecerá até que alguém o mate e torne-se o novo sacerdote) e o relaciona com outros rituais de rebelião registrados em vários lugares e épocas, considerando-as, em síntese, como cerimônias que representavam a morte e o renascimento da vida, especialmente a vegetal, como as colheitas anuais, Gluckman apresenta os objetivos da sua conferência:
proponho a consideração da maneira pela qual seus herdeiros [de Frazer] antropológicos interpretaram rituais de rebelião semelhantes.
Com essa proposta, Gluckman elogia mas procura se afastar do método intelectualista de Frazer, por considerá-la como produto de uma época em que os dados a disposição do pesquisador permitiam apenas a busca de padrões intelectuais em costumes espalhados no tempo e no espaço, ao contrário da Antropologia moderna, que com o trabalho de campo, levou a pesquisa antropológica ao estudo das relações internas da própria sociedade estudada. Assim, Gluckman diz que vai tratar especificamente de cerimônias realizadas por povos do sudeste da África, nos quais ele afirma existir elementos de tensão social controlada, que ele chama de rituais de rebelião. O primeiro deles, o rito em homenagem à Deusa Nonkubulwana, única divindade plenamente desenvolvida do panteão Zulu. Nonkubulwana, é entendida apenas como parte humana, sendo também composta por