A análise da dimensão ritual nos estudos antropológicos de Gluckman, Leach, Mitchell e Turner
A análise da dimensão ritual nos estudos antropológicos de Gluckman, Leach, Mitchell e Turner.
Introdução
Na procura por estudar fenômenos que abrangem a dinâmica social de sujeitos distantes geograficamente do continente europeu, os antropólogos ocidentais muitas vezes se voltaram para a análise de rituais. A gama de propriedades que estabelecem vínculos entre as pessoas envolvidas chamaram a atenção dos pesquisadores ao longo do tempo. Amiúde, a investigação dos ritos se deparou com situações de equilíbrio e mudança na vida das sociedades pesquisadas. Por isso, com foco em quatro antropólogos de origem britânica1, procuro neste breve trabalho expor os princípios gerais que nortearam a perspectiva analítica desses intelectuais sobre os rituais dos povos estudados.
Cabe ainda mencionar que o estudo de Arnold Van Gennep, em Os ritos de passagem, foi marcante para a concepção teórico-metodológica de análise processual dos rituais. Isso se deu principalmente na obra de
Turner (1974), O processo ritual. Dessa maneira, foi possível observar a execução cerimonial em seu caráter dinâmico, indo para além da perspectiva de perpetuação da estrutura social. Logo, a partir do entendimento do ritual como expressão de vida das pessoas, esses autores perceberam que o envolvimento dos agentes destacava o trânsito entre equilíbrio e mudança social, permeados pela presença do conflito abalando qualquer tipo de estudo sobre coesão da sociedade. Assim, disponho a divisão deste trabalho em dois subtítulos que visam meramente o esclarecimento do fluxo de argumentos da matéria2 e não a conformidade de um pensamento unívoco dos autores situados em paradigmas de equilíbrio ou de mudança social.
No tópico intitulado “equilíbrio e dinâmica social” abordo teorias sobre como que o ritual surge como mecanismo de resolução de conflitos ou revelam representações estruturais temporais dos agentes. Já na parte em que trato como “conflito e