rio rural
Issn: 1808 - 799X ano 10, nº 14 - 2012
A DESRURALIZAÇÃO DA CIDADE NO CONTEXTO DE
ALTERAÇÃO DO METABOLISMO SOCIAL: O EXEMPLO DO RIO
DE JANEIRO DE 1890-1910
Leonardo Soares dos Santos1
Resumo
Este artigo trata da transformação urbana da cidade do Rio de Janeiro entre as últimas décadas do século XIX e a primeira do XX, destacando o processo de desruralização que se efetua em paralelo. Procuro evidenciar que tal processo marcaria no contexto urbano e suburbano carioca a consolidação da lógica de mercado sobre dois elementos essenciais de uma sociedade: a terra e as necessidades básicas de reprodução de sua população (satisfeitas por meio da obtenção de gêneros alimentícios, principalmente).
Para tanto, desenvolvo a análise tendo em vista a chave de leitura possibilitada pelo conceito de metabolismo social.
Palavras-chave: relação urbano-rural; Rio de Janeiro; metabolismo social.
INTRODUÇÃO
Numa bela análise do possível legado do pensamento marxista para a crítica ecológica moderna, Michael Löwy defende, entre outros pontos, que “a crítica do capitalismo de Marx e Engels é o fundamento indispensável de uma perspectiva ecológica radical”.2 Isso se deve fundamentalmente à crítica realizada por Marx a um dos princípios estruturantes do produtivismo capitalista, que pode ser melhor traduzido pela “teoria da ruptura do metabolismo entre as sociedades humanas e a natureza” que tem lugar nesse modo de produção econômica.3 Em termos concretos isto quer dizer que o capitalismo instaura uma ruptura no sistema de trocas materiais entre o homem e o meio ambiente, com claro prejuízo para
1
Professor Adjunto II do COC/ESR/UFF e Pesquisador do Gesthu/UFRJ. Coordena o Núcleo de
Teoria Social (NEPETS/UFF) e o Laboratório de Movimentos Sociais do NEPP/UFRJ em parceria com o prof. Vantuil Pereira.
2
LÖWY, Michael. Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez Editora, 2005. p. 20
3
Ibidem. pp. 26-27.
ambos. Mas para que isso