Ricoeur, P. Verdade no conhecimento da história
Objetividade e subjetividade em história.
Espera-se da história um certo nível de objetividade. Por objetivo entendemos que é “aquilo que o pensamento metódico elaborou, pôs em ordem, compreendeu, e que por essa maneira pode fazer compreender” (p.23). Espera-se também certa dose de subjetividade por parte do historiador, exigida pela própria objetividade e que se separe a boa da má subjetividade.
É através de seu trabalho que o historiador revela sua intenção e seu empreendimento de objetividade. O problema é delinearmos “sobre a função da subjetividade do historiador na elaboração da história” (p.28). “Refletir sobre a subjetividade do historiador é procurar da mesma maneira qual a subjetividade posta em cena pelo mister de historiador” (p.28). No entanto, a objetividade da história não somente faz aflorar a subjetividade do historiador, mas também a própria subjetividade da história.
Essa intrusão da subjetividade de modo algum acarreta a destruição do objeto. Apenas especifica-se “o tipo de objetividade que surge do mister de historiador, a objetividade histórica entre todas as objetividades; em suma, temos procedido à constituição da objetividade histórica como correlata da subjetividade histórica” (p.33). A história reflete a subjetividade do historiador. Além disso, “é preciso dizer que o mister de historiador educa a subjetividade do historiador. A história faz o historiador tanto quanto o historiador faz a história. Ou antes: o mister de historiador faz a história e o historiador” (p.34).
Assim sendo, a objetividade ligada à intenção científica da história, assume a forma de separação entre a boa e a má subjetividade do historiador. “De ‘lógica’, a definição da objetividade tornou-se ‘ética’ ”(p.35).
Já dissemos aqui que buscamos a subjetividade própria da história, pertencente ao mister de historiador. Entretanto, ela talvez não pertença a isso e sim ao