Ricardo
Os índios perceberam a chegada do europeu como um acontecimento mítico, provavelmente os brancos seriam pessoas generosas achavam os índios, mesmo porque no seu mundo mais belo era dar que receber. Visivelmente os recém chegados eram feios fétidos e infectados e maiores eram as esperanças do que os temores daqueles primeiros índios, muitos deles embarcaram nas primeiras naus, crendo que seriam levados a terras sem males morada de Maíra sua deusa. Pouco mais tarde essa visão idílica se dissipa, os índios começam a ver o hecatombe que caíra sobre eles, Maíra seu deus estaria morto?
Com a destruição das bases da vida social indígena, muitos índios deitavam em suas redes e se deixavam morrer, como só eles tem o poder de fazer, morriam de tristeza. Os povos que ainda puderam fugir escaparam mata adentro horrorizados com o destino que lhes era oferecido, muitos deles levando nos corpos contaminados as enfermidades que iriam dizimando eles, mas a atração irresistível das ferramentas dos adornos os faziam voltar.
Esse foi o primeiro efeito do encontro fatal que aqui se dera ao longo das praias brasileiras de 1500, os navegantes barbudos olhavam com espanto oque parecia ser a inocência e a beleza encarnadas.
Para os que chegavam, o mundo em que entravam era a arena de seus ganhos, em ouros e glórias e para alcança-las, tudo lhes era concebido, eles eram ou se viam como novos cruzadores destinados a saquear e assaltar túmulos e templos de hereges indígenas.
Para os índios que ali estavam nus nas praias, o mundo era um luxo de se viver, na sua concepção sábia e singela, a vida era dádiva de deuses bons. Os recém chegados eram gente prática, experimentada sofrida, ciente de suas culpas oriundas do pecado de adão, os índios nada sabiam disso.
Aos olhos dos recém chegados, aquela indiada louçã, eram vadios, vivendo uma vida inútil e sem prestança, pois não produziam nada. Aos olhos dos índios os oriundos do mar pareciam aflitos demais, eles acumulavam