Revolucao Copernicana
Vamos nos deter no que Kant chama de a "revolução copernicana em Filosofia”, que seria, a exemplo da "revolução copernicana", onde Copérnico troca o sistema geocêntrico anteriormente aceito, desde Aristóteles e Ptolomeu (onde a Terra seria o centro do Universo e tudo o mais giraria em seu redor, inclusive o sol) pelo heliocêntrico (de forma, a ser agora, o sol o centro do Universo, estando o planeta Terra, bem como outros astros, girando ao seu redor), uma troca de referencial, onde, a partir de Kant, os objetos deixam de ser o centro de nossa potencialidade de conhecimento, saindo à ênfase dos objetos para o humano que os conhece, estando os objetos sujeitos à capacidade de conhecer deste humano e não o contrário. Ao conhecer algo, nunca conhecemos a pura essência deste algo, este algo em plenitude, pois já o captamos nos utilizando de elementos nossos, oriundos de nossa capacidade de conhecer, que ficam para sempre "incrustadas" a este objeto, como a exemplo o tempo e o espaço, os quais não pertencem ao mundo físico e sim à nossa intuição pura sensível.
Kant entendeu que sua teoria de como conhecemos as coisas representava uma revolução análoga à que, na astronomia, tinha representado a revolução de Copérnico. Para Ptolomeu, as estrelas giravam em torno da Terra. Copérnico, ao contrário, parte da hipótese de que é o movimento do espectador na Terra que produz a aparência do movimento nas estrelas. Enquanto a atividade em Ptolomeu está nos astros, em Copérnico está no próprio espectador. Do mesmo modo, a maneira como devemos entender a relação cognitiva entre sujeito e objeto, diz Kant, deve ser invertida: não é o sujeito que, imóvel, no centro do universo, vê passivamente os movimentos das estrelas. Não; é a atividade perceptiva e conceitual no sujeito que determina como as coisas sejam vistas e pensadas. Sobre esta sua revolução copernicana na teoria do conhecimento Kant fala no Prefácio à Segunda Edição da Crítica da Razão Pura.