Resumo a gestação do espaço psicológico XIX
O século XIX pode ser e tem sido caracterizado como o do apogeu do liberalismo e do individualismo como princípios de organização economica e politica. È sabido, também, que no campo das artes e da filosofia o século XIX assistiu ao pleno desabrochar dos movimentos romanticos. Finalmente, desde Foucault (1977) o mesmo século pode ser identificado como o do início de uma sociedade organizada pelo regime disciplinar. O liberalismo na sua versão original, formulada em suas linhas básicas por John Locke (1632-1704), sustentava a tese dos direitos naturais do individualismo a serem atendidos e consagrados por um Estado nascido de um contrato livremente firmado entre individuos autonomos para garantir seus interesses. Ao estado não cabia intervir e administrar a vida particular de ninguém, seja no plano das opiniões, seja no da vida doméstica, seja no dos negócios, mas apenas regular as relações entre individuos para que nenhum tivesse seus direitos violados pelos demais. Para manter o Estado nessa condição limitada, convinha separar os poderes ( Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciario), distribui-los regionalmente (conforme o preconizado pela doutrina federalista) e valorizar, á medida do possível, as tradições locais e as experiencias particulares, com enfase na jurisprudencia e na consideração de casos concretos, em detrimento de leis gerais e racionalmente construidas. Nem todas estas decorrencias estavam previstas por Locke, mas todas pertecem ao mais genuíno espirito do liberalismo clássico, no qual o empirismo epistemológico e o respeito ao espaço privado são as duas faces do mesmo apego ao particular, ao individual. Os movimentos romanticos, na sua dimensão politíca, se apresentaram ora como uma face nitidamente conservadora e tradicionalista, buscando em formas arcaicas de organização social uma saída para os impasses do individualismo, ora com