Resumo: A Gestação do espaço psicológico no séc. XIX: liberalismo, romantismo e regime disciplinar
No século XIX o liberalismo original foi responsável pela construção de uma sociedade individualista e atomizada. Nesse cenário o estado tinha a função de garantir os direitos do indivíduo e impedir a violação dos mesmos sem intervenção na vida privada. O liberalismo econômico defende a redução da presença do estado na vida econômica confiando na função autorregulativa do mercado.
Surge com Bentham o utilitarismo para substituir a crença e a defesa dos direitos dos indivíduos pelo cálculo racional da felicidade. O estado assume a função de intervir positivamente na administração da vida social. Há aqui a legislação pautada em castigos e recompensas visando aumento de boas condutas. Nesse sistema os indivíduos são livres para escolher entre castigos e recompensas, a família torna-se agência disciplinadora destinada a individualizar e normatizar as crianças.
Essas transformações do liberalismo em utilitarismo disciplinador foram vividas por John Stuart Mill. Ele desenvolveu princípios do associacionismo, concebeu a criação da etologia (correlacionar o público ao privado) e propôs formas de vida social e política em que conquistas civis liberais são colocadas a serviço de valores românticos. Nesse pensamento a noção de liberdade se identifica com autonomia e desenvolvimento. O reconhecimento e valorização das diferenças acarretam a reivindicação da desigualdade e diversidade nos modos de vida, a liberdade de opções e tolerância diante das minorias.
Em Tocqueville o individualismo não consiste apenas na autonomização dos indivíduos, ele valoriza e enfraquece o indivíduo, lhe traz mais responsabilidades, ameaças e desamparo. Assim, não se pode esperar dos demais muita atenção e apoio. Para Tocqueville o desenvolvimento da economia e da sociedade exigem maiores intervenções do estado, maiores investimentos, mais regulamentação e administração.