Resumo ''Qual foi o impacto do feminismo na ciência''
2206 palavras
9 páginas
O movimento das mulheres das décadas de 1970 e 80, ou, como é muitas vezes referido, o feminismo da segunda onda, foi, antes e acima de tudo, um movimento político. Tinha como objetivo mudar as condições das mulheres, reconhecendo que para isso precisaria mudar o mundo. Foi uma época interessante, e como muitas de minhas colegas na teoria feminista, tinha um objetivo ambicioso, grandioso até: talvez menos ambicioso do que tentar mudar o mundo, tentava só mudar a ciência . De muitas maneiras, o movimento das mulheres das décadas de 1970 e 80 obviamente mudou o mundo. Talvez não da maneira radical que algumas de nós imaginávamos, mas certamente mudou a percepção das mulheres (e do gênero) em boa parte do mundo ocidental. De fato, mudou mais que a percepção, mudou a condição de muitas mulheres nesta parte do mundo. Como essa mudança drástica aconteceu não é mistério: em grande parte resultou de pressão política direta exercida por grupos de mulheres – especialmente talvez por organizações de mulheres cientistas nas associações profissionais. Quero fazer a afirmação provocadora de que há algumas maneiras em que mudamos a ciência, mesmo que, uma vez mais, não exatamente da maneira ampla que algumas de nós imagináramos. Para fundamentar essa afirmação, arrolarei algumas mudanças – todas elas na biologia, e todas em óbvia simpatia com os objetivos feministas, mudanças que tiveram lugar tanto com o maior acesso das mulheres à ciência quanto com o surgimento da crítica feminista da ciência. Comecemos pelo exemplo mais simples e, graças em boa parte ao trabalho de Martin (1991) e de Gilbert e seus estudantes (Gender and Biology Study Group, 1989), o exemplo que é provavelmente o mais conhecido, o da fertilização: até bem recentemente o espermatozóide era descrito como “ativo”, “vigoroso” e “auto-impelido”, o que lhe permitia “atravessar a capa do óvulo” e “penetrar” o óvulo, ao qual “entregava seus genes” e onde “ativava o programa de desenvolvimento”. O ponto a