O Feminismo Brasileiro Desde Os
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Estudos Feministas
Resumo: Com base na experiência brasileira das últimas décadas, o texto aborda o feminismo como um fenômeno que, embora enuncie genérica e abstratamente a emancipação feminina, se concretiza no âmbito de contextos sociais, culturais, políticos e históricos específicos. O artigo mostra, inicialmente, o feminismo no Brasil, nos anos 1970, como um movimento de mulheres que se configura em oposição à ditadura militar e que foi se desenvolvendo, nas décadas seguintes, dentro das possibilidades e limites que se explicitaram no processo de abertura política.
Argumenta-se, entretanto, que as dificuldades enfrentadas pelo feminismo brasileiro não dizem respeito apenas aos constrangimentos da conjuntura em que se manifestou, mas a impasses de ordem estrutural do feminismo, uma vez que as mulheres não são uma categoria universal, exceto pela projeção de nossas próprias referências culturais. Sua existência social e cultural implica a diversidade, instituindo fronteiras que recortam o mundo culturalmente identificado como feminino. A análise do feminismo, assim, requer a referência ao contexto de sua enunciação, que lhe dá o significado. Da mesma maneira, a análise das relações de gênero implica considerar a noção de pessoa, tal como concebida no universo simbólico ao qual se referem essas relações.
Palavras-chave: feminismo, gênero, contexto, diversidade cultural, história do Brasil.
Quando Simone de Beauvoir, em 1949, em O segundo sexo, disse que “não se nasce mulher, torna-se mulher”, expressou a idéia básica do feminismo: a desnaturalização do ser mulher. O feminismo fundou-se na tensão de uma identidade sexual compartilhada (nós mulheres), evidenciada na anatomia, mas recortada pela diversidade de mundos sociais e culturais nos quais a mulher se torna mulher, diversidade essa que, depois, se formulou como identidade de