Resumo dos Capítulos do Livro Critica da Razão de Tupiniquim
"A corrente eclética representa o primeiro movimento filosófico plenamente estruturado no Brasil (...)sobre as quais se fundou uma autêntica ideologia da conciliação. Seus traços mais marcantes seriam: 1? - a desconfiança com os "sistemas", que seriam camisas-de-força do espírito; 2? - a crença de que a "verdade" poderia ser o resultado de um mosaico montado a partir de inúmeros pensadores, o que, além de livrar-nos dos perigos dos sistemas, permitiria um enriquecimento indefinido, aproveitando-se de cada sistema o "melhor" - daí a qualificação de "esclarecido"; que, assim agindo, estaríamos dando mostras de "espírito aberto", "esclarecido", não-dogmático - mito que seria notável relacionar com aquele da natural "bondade" do brasileiro, ou com os mitos da "cordialidade", da "democracia racial", das "revoluções sem sangue".
O Ecletismo é manifestação de alguns traços básicos de nosso caráter intelectual e de nossa condição política, e continua vivo, ainda encontradiço, prezado e vigente entre-nós. onde se encontra, eis algumas coisas que urgiriam ser respondidas. Compõe o que chamo de um mito brasileiro: o espírito da imparcialidade.
Fica claro neste mito que, se ainda não criamos qualquer posição filosófica nossa, demos variadas mostras de imaturidade intelectual, e, no ecletismo, retratamos nossa hesitação em assumir um ponto de vista que nos permitisse uma síntese original
Há uma ilusão: a de que possamos, imparcialmente, usufruir benefícios das mais diversas reflexões estrangeiras, delas retirando o "melhor". Desde sempre visamos extrair do pensado por outros aquilo que poderá nos ser útil - e isto constitui o mito da imparcialidade. Entre-nós, é atitude freqüente buscar dissolver oposições, justapondo subjetivismo e objetivismo, materialismo e idealismo, racionalismo e empirismo - como se tal atitude pudesse, impunemente, ser adotada.
Além de ingênuo, o ecletismo é impossível.
Ausência de critérios