Resumo do Artigo CONSUMO COMO CULTURA MATERIAL - Daniel Muller
O objetivo é investigar as consequências de se enxergar o consumo através das lentes dos estudos de cultura material contemporâneos.
A oposição à cultura material
A maioria dos estudos acadêmicos sobre consumo associa o materialismo com o moderno consumo de massa, e encara isso como um perigo para a sociedade e meio ambiente. Assim, o consumo de massa tem pouco reconhecimento do quanto seu crescimento poderia ser associado à abolição da pobreza ou do desejo por desenvolvimento. A percepção do consumo como uma atividade maligna ou antissocial é bem mais profunda e existia muito antes do consumo de massa moderno. O consumo tende a ser visto como uma doença definhadora que se opõe à produção, a qual constrói o mundo. Enquanto a produção, por sua vez associada com a criatividade, como nas artes e artesanato, é considerada como a manufatura do valor, por exemplo, no trabalho de Marx, o consumo envolve o gasto de recursos e sua eliminação do mundo. Os debates morais adquiriram novas dimensões quando aplicados à modernidade, por exemplo, a crítica ambientalista dirigida à destruição dos recursos associados com a produção é identificada, primeiramente, como postura própria do consumo e a produção é vista como auxiliar secundário ao consumo. E Tanto as críticas antigas como as contemporâneas tentam definir e condenam a porção do consumo que é feita além do que é considerado necessário de acordo com algum padrão moral de necessidade.
Talvez a expressão mais forte do antimaterialismo venha na forma de várias religiões do Sul da Ásia, como o hinduísmo, o budismo e o jainismo, as quais tiveram um interesse muito mais profundo na centralidade do desejo e do materialismo para a condição de humanidade e sua relação com o mundo. Nessas religiões talvez estivesse mais claramente desenvolvida a ideia de que a realização dos desejos através do consumo levava ao desperdício da essência da humanidade em mero materialismo. Na Índia, qualquer