mito e arte
Pelo caráter simbólico que reveste, o mito pode ser considerado manifestação artística e geradora de arte. Em cada povo e civilização, os mitos são fonte de inspiração para as mais diversas obras de arte, assim como as fantasias e criações imaginárias dos sonhos e dos estados alterados da consciência (como aqueles resultantes do efeito de algumas drogas) são também estímulos à atividade artística. Os monumentos megalíticos, a disposição dos túmulos e a maneira de construir os templos são a expressão plástica da crença num destino ultraterreno e num vínculo do homem com a Terra e o universo. A própria arquitetura clássica, ao igualar a estrutura dos templos e dos palácios da administração civil, não fez mais que plasmar o mito do homem renascentista -- aquele que se converte em centro do universo e acaba por proclamar deusa a sua própria faculdade racional. Desse modo, as culturas antimíticas -- aquelas que rebaixam o mito a mera literatura -- podem terminar por incorrer em novos mitos.
Uma conexão mais estreita, embora menos definida, pode ser apontada entre mito e literatura. O mito é originalmente uma narração oral espontânea que se cristaliza ao longo de gerações. A literatura tende a explicar, a clarificar e desenvolver o mito que havia nascido de forma fragmentária e, por vezes, pouco coerente. À medida que é adaptado à esfera e às dimensões da vida humana, manipulado e elaborado conscientemente pelos indivíduos, o mito se dilui em suas características originais para tornar-se lenda, saga, epopéia, fábula, história, conto e novela. As sagas nórdicas, por exemplo, podem ser consideradas mitos menores, em que os povos que os criaram e difundiram projetaram seus ideais, mas sem aprofundar-se quanto à estrutura e os significados inefáveis e transcendentes, que se revelam apenas nos mitos.
Arte e mitos: a busca de estruturas
Buscar na música a relação com os mitos. Na pintura, suas representações. E na linguagem, repetições e