Resumo defesa: vidas secas
AUTOR: graciliano ramos réu: SOLDADO amarelo
VÍTIMA: FABIANO
DEFESA:
Ao Soldado Amarelo é imputado o crime de abuso de autoridade contra o Sr. Fabiano. Alega-se que o réu impôs à vítima a sua vontade, obrigando-o a jogar com ele, e logo após, o provoca pisando em seu pé, para em seguida, de forma arbitrária, sem justa causa, mandar prendê-lo e espancá-lo.
Tais afirmações não procedem, e devem ser refutadas com veemência, senão vejamos:
- o Soldado não obriga a suposta vítima a jogar com ele, mas segundo nos diz o texto, ele “bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é, camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?” Fabiano aceita e vai. Se este entende que o convite feito se trata de uma ordem, a culpa não é do soldado que não tinha como saber que “Fabiano sempre havia obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava pouco, desejava pouco e obedecia”, segundo nos relata o livro.
Após a derrota no jogo, Fabiano se afasta, sem qualquer consideração ao parceiro, eis que não lhe dirige a palavra, nem mesmo olha quando este o chama, e desnorteado por ter perdido todo o dinheiro, inclusive o que deveria ser usado na compra do tecido encomendado pela mulher, bem assim no querosene, sai cambaleando pelas ruas, pensando numa boa mentira para contar em casa. Nesse ponto, “alguém lhe deu um empurrão, atirou-o contra o jatobá. A feira se desmanchava”. Vale salientar que esse alguém não é o Soldado Amarelo. Outro ponto a ser considerado é que Fabiano estava “tonto de aguardente”, ou seja, o mesmo andava cambaleando de um lado para outro, sob efeito de bebida alcoólica, portanto, natural que se esbarrasse nas pessoas e essas, nele. É nesse momento que Fabiano leva outro empurrão. A partir daí, toda a psicologia de Fabiano é voltada para a briga, a desavença. Ao avistar o soldado, ele pensa: “Com uma pancada certa do chapéu de couro, aquele tico de gente ia ao barro”. Até aquele momento o Soldado nada fizera ao paisano.
Temos a seguir