RESUMO - Carnes Secas do Ceara
As carnes secas do Ceará e o mercado atlântico no século XVIII
Almir Leal, aborda seu artigo evidenciando a produção e comercio da carne de charque (carne seca) no Ceará durante o século XVIII, sendo assim um produto de notável importância para o consumo da época. Diz que se iniciou sua produção no Rio Grande do Sul, antes da década de 1790, aparecem ligadas aos interesses mercantis da praça do Recife, e com especial ênfase no monopólio do comércio exercido pela Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba. Foi possível pela adaptação do gado ao meio físico propicio, conhecido como sertões pernambucanos, destaca-se a facilidade na montagem da estrutura produtiva da fazenda e a caracterização das rotas de boiadas, e também por causa da proibição da Coroa referente a instalação de currais no Litoral. Citando Capistrano pode-se resumir a conquista do Ceará, a redução dos índios e a introdução do gado, a partir do encontro dos caminhos de boiadas de Pernambuco e da Bahia.
Dedicado ao estudo da produção e comercialização de carnes secas no Ceará setecentista, Almir Leal de Oliveira aponta a insuficiência das análises sobre a pecuária na América portuguesa, ainda bastante limitadas às sínteses gerais oferecidas por Capistrano de Abreu e Caio Prado Júnior, cujas proposições foram produzidas a partir de um conjunto reduzido de fontes. Segundo o autor, tais interpretações encontram-se, em linhas gerais, reproduzidas pelas historiografias locais, cujos estudos dedicados à atividade charqueadora foram, também eles, construídos a partir de um número restrito de dados empíricos. Observa, ainda, que a dificuldade em encontrar registros sobre o negócio das carnes secas resulta da própria ausência de regulamentação e da falta de rigor da tributação praticada pela Coroa. Buscando superar tais limitações, um dos pontos altos do texto de Almir Leal é a afirmação da variedade e complexidade da