Resumo - Brasil globalizado
Em certa medida, pode se dizer que, enquanto a moeda brasileira se mantinha depreciada, havia muito mais tolerância dos agentes econômicos com as ineficiências e os extraordinários custos de transação embutidos na vida empresarial, deslocando-se para temas ligados a infraestrutura, encargos e a legislação trabalhista, que desinscentivam a contratação de trabalhadores, carga tributária, evoluindo até os tempos atuais. Este é ponto que merece o grande destaque na discussão dos processo de adequação cambial experimentado pela economia brasileira, também permitiu a explicação dos reais fatores que afetam a competitividade da economia brasileira. Essa situação se encaixa perfeitamente na imagem de Albert Hirschman de blessing in disguise, ou seja, algo aparentemente nefasto cujas dimensões positivas se explicitam ao longo do tempo. Uma depreciação forçada da moeda brasileira não apenas não se sustentaria como teria inviabilizado toda a trajetória de melhoras macroeconômicas observadas, sobretudo no ponto da estabilidade monetária, qualquer tentativa de adotar uma estratégia de desenvolvimento no Brasil, sem termos as peculiaridades inerentes ao contexto específico daquelas economias, só poderia ser classificada como uma aventura de alto risco. Queremos chamar a atenção de que houve mudanças incrementais, não lineares e acumulativas na economia brasileira nos últimos 15 anos, que ajudam muitos a explicar o salto de crescimento do PIB potencial brasileiro, observado nos últimos anos. A inserção internacional favorável, combinada com as ações pragmáticas de diferentes governos que abriu perspectivas para a queda importante das taxas de juros e com o início da desconstrução daquilo que chamamos de fear of easing, ou seja, o medo histórico de redução dos juros. Seria incoerente acreditar que, depois de tanto salto de qualidade e da