Resenha
De Gilberto Freire.
O escravo negro na vida sexual e de família do brasileiro.
O autor inicia dizendo da precocidade dos meninos do século XVII e XVIII que a partir dos nove anos de idade, já eram vestidos como homens obrigados a mesma gravidade de gestos, atirados aos mesmos vícios e costumes dos rapazes e homens feitos. Relata-nos que a vida sexual destes meninos já começava desde esta tenra idade, não raramente adquirindo já bem jovens doenças venéreas como sífilis e gonorreia. As meninas escravas eram perseguidas pelos seus senhores, desde quando se apresentava com formas de mulher, por isso a grande quantidade de filhos bastardos dos senhores de engenhos, e até de padres. Observando essa precocidade pode se presumir que o período da pré-adolecência e adolecência foi um conceito criado posteriormente a esse contexto. No entender das pessoas da época os meninos passavam de meninos-diabos a homens feito, numa espécie de ritual de passagem, que aos contemporâneos de hoje parece algo mágico. Os meninos após a primeira comunhão, após as primeiras letras na escola, os cálculos e um pouco de latim já estavam preparados, ou melhor, teriam que se comportarem como adultos.
As primeiras letras eram ministradas em casa do senhor de engenho, por professores contratados para tal, nas escolas sob responsabilidade dos clérigos. Nem todos tinham acesso à escola. Nas fazendas como bem diz ou autor estudavam às vezes juntos sob o jugo do mestre e sua palmatória as lições decoradas, o latim, as orações, cálculos, crianças brancas, muitas das vezes misturadas com mulatos, pardos e às vezes algum moleque negro. A literatura nos dá informações importantes a respeito dos professores destas crianças: havia professores brancos, mulatos e até negros.
Nesta época quando no Brasil havia vice-reis, havia recomendação por incrível que se pareça que não se negasse o acesso às primeiras letras até as crianças de pele mais escura, recomendações estas feitas aos