Resenha: O sofrimento não é a Dor
O SOFRIMENTO NÃO É A DOR
O trecho de “O psiquiatra diante do sofrimento” inicia-se diferenciando dor de sofrimento, a saber: o primeiro remete a dor física no corpo, quando o segundo significa dor na psique e onde se encontra a preservação no desejo de ser e no esforço para existir “apesar de”. Apesar de díspares, podem se somatizar quando um mal atinge em dor tanto no corpo quanto na psique.
Consciente da heterogeneidade dos conceitos, os signos do sofrer tangem duas linhas: relação em si próprio e no outro; e relação do agir e padecer, quando os agentes também são sofredores. Inicialmente, tratam-se de fenômenos perpendiculares e de feitio perpendiculares, mas se seguem em caráter ortogonal. Neste momento tem pensamento divergente ao do autor, pois não há momento em que o fenômeno de agir e padecer não influencie diretamente a relação de si e do outro e vice-versa.
A relação íntima do ser consigo é montada através do sofrimento, em que o indivíduo sofre, logo existe. Essa relação mais profunda implica em despovoamento do mundo interno e conseqüente valorização das relações com outrem, gerada e motivada pelo sofrimento. Nessa categoria, podem-se subdividir tipos de sofrimento em que o sofrimento é individualizado e único (sofredor é único); a solidão do sofrer, quando o indivíduo retrai-se no sofrimento, inclinado a manter-se na solidão; a ferida do sofrer ocorrida na visão do outro como hostil ou inimigo; e a eleição do contrário, caracterizada pela designação ao sofrimento pelo destino.
Em todas as categorias, a influência do outro é admitida quando percebida como enriquecedora e desordenadora de ações de lidar consigo de diferentes formas contornadas pelo humor. Independentemente dos fatores ambientais, o autor nos leva a crer que a psique trabalha na produção de sofrimento. De certo, o sofrimento traz vantagens (seja em aprendizagem ou na busca da felicidade), entretanto parece inverossímel a auto flagelação