Resenha "O Rio de Janeiro e a República"
Historiador, cientista político e sociólogo, ‘imortalizado’ pela Academia Brasileira de Letras e Academia Brasileira de Ciências, José Murilo de Carvalho – e sua vasta produção intelectual contando com 12 livros e mais de cem artigos publicados – dispensa maiores apresentações. Suas pesquisas historiográficas se concentram no período do Brasil Império – aqui se destacam as obras A construção da Ordem e O Teatro das Sombras – e da chamada Primeira República – com ênfase no livro Os Bestializados. O Rio de Janeiro e a República que não foi (prêmio de melhor livro de ciências sociais em 1987, segundo a ANPOCS), considerado um clássico dentre as obras referentes a essa época.
Em seu primeiro capítulo, o único que será objeto de análise aqui, intitulado “O Rio de Janeiro e a República”, José Murilo discute as transformações ocorridas nos primeiros anos republicanos no Rio de Janeiro e suas consequências que, “como maior cidade e a capital econômica, política e cultural do país, não poderiam deixar de sentir, em grau mais intenso do que qualquer outra cidade”.
O autor inicia o capítulo relatando, através de censos e estatísticas, o crescimento demográfico ocorrido em virtude da abolição da escravidão que “lançou o restante da mão-de-obra escrava no mercado livre de trabalho e engrossou o contingente de pessoas no subemprego e no desemprego. Além disto, provocou um êxodo para a cidade proveniente da região cafeeira do estado do Rio e um aumento na imigração estrangeira”. Consequentemente, agravaram-se os problemas de habitação: falta de casas para os pobres e os velhos problemas no abastecimento de água e a falta de saneamento levaram a cidade a verdadeiras epidemias (varíola,febre amarela,malária e tuberculose).
No âmbito econômico e financeiro, o Encilhamento, como ficou conhecido episódio, criou uma verdadeira febre