Resenha da obra “O Rio de Janeiro e a República” Ganhador do prêmio de melhor livro em ciências sociais no ano de 1987, o livro “Bestializados: o Rio de Janeiro e a república que não foi” foi escrito por José Murilo de Carvalho, mineiro, formado em sociologia e política pela UFMG, cientista politico, historiador e professor, membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Nacional de Ciências e que busca interpretar os conflitos do imaginário político-social fazendo uso de referências literárias, dados e relatos, tornando-se uma enorme fonte cultural. Em seu primeiro capítulo do livro: o Rio de Janeiro e a República, o autor evidencia as transformações causadas pela proclamação da República e pela abolição da escravidão na cidade. Com a abolição da escravidão altera-se o número de habitantes, aumentando a quantidade de mão-de-obra livre e de subempregos. Há também uma intensa entrada de imigrantes europeus que aumentaria este contingente de homens livres. O Rio de Janeiro torna-se bastante heterogêneo, com uma população muito diversificada e fragmentada, não podendo ser tomada como uma grande massa formadora de um único bloco homogeneizante. Além disso, também houveram transformações físicas na capital, como o crescimento irregular, a falta de habitações, de saneamento básico e de abastecimento de água acarretando em um surto de epidemias que assolavam a cidade. Em transição do regime monárquico para o sistema republicano, a cidade do Rio de Janeiro - capital econômica, politica e cultural do país - viveu em sua primeira década republicana uma febril agitação em meio à fase mais turbulenta de sua existência. Pela primeira vez, grande parte dos fluminenses foi envolvida nos problemas da cidade e do país. As alterações quantitativas são inescapáveis. Na primeira delas, de natureza demográfica, alterou-se a população da capital em termos de número de habitantes, de composição étnica, de estrutura ocupacional. A abolição lançou o restante da mão-de-obra