Resenha "o príncipe"
“O Príncipe” é um manual para príncipes, com ensinamentos sobre como conquistar e conservar Estados, escrito por Nicolau Maquiavel por volta de 1532, tempo em que a Itália era extremamente fragmentada e conflituosa. Maquiavel, sempre envolvido na política, depois de idas e vindas em relação aos governos da época, produziu esta obra no intuito de guiar Lorenzo de Médici à soberania da Itália, desta maneira, promovendo sua unificação.
O capítulo XV trata das relações entre o príncipe, seus súditos e aliados. Maquiavel aborda de maneira científica e não filosófica, por tratar das relações como realmente são e não como deveriam ser (o que aliás, em vez de servir como defesa, trás a ruína), relatando que o príncipe deve abandonar a bondade em seus atos se for necessário, estar atento de que todos estão a observar seus atos e a julgá-lo, ciente de que deve evitar vícios que abalem sua reputação e seu reinado, mas nunca evitar os que o salvem. Em relação à reputação, o autor defende que seria um ponto positivo que o príncipe fosse visto com boas qualidades, uma delas, a liberalidade. Mas é preciso utilizá-la do modo correto. Se executada em demasia, o prejudicará, se controlada, atingirá um efeito contrário, portanto, ao ser liberal deverá praticar atos suntuosos. Um príncipe liberal gastara facilmente seu tesouro, sendo obrigado a impor impostos para contornar a situação. Consequentemente, será odiado por seus súditos, sendo fragilizado e “presenteado” com uma imagem de miserável. Porém, ele não deve abalar-se com tal vulgo, pois naturalmente a situação se acalmará quando o povo perceber que não está sendo explorado, sendo considerado miserável somente aos que dele não recebem recursos (grande minoria). Maquiavel expõe a distinção entre liberalidade do príncipe já no cargo e o que está a caminho de sê-lo, sendo que no primeiro caso é prejudicial, e no segundo, necessário.