Resenha: O pintor da Vida Moderna
Dai Linck
Para Baudelaire, tudo o que acontece a nossa volta, pode vir a se tornar parte de nossa obra, parte de nós, transformar-se em objeto atemporal e que pode vir a ser projetado na vida do pintor moderno.
Critica, também, a exacerbação das grandes obras já reconhecidas, principalmente em comparação com as demais, de menor valor e reconhecimento, quando nessas se encontra fatos corriqueiros, detalhes significativos dentro da história da arte.
Ressalta certo descontentamento na questão da idealização da beleza que se contrapõe ao desprezo a beleza particular e circunstancial.
Traz como referência Constantin Guys, o Sr. G., como imagem idealizada do artista, que traça com velocidade e quantidade desenhos e esboços das mais diferentes variações. Conhecido como desenhista para gravura, pintor autodidata, repórter, profundo conhecedor da moda, observador atento, capaz de partilhar de suas experiências de maneira humanizada. Homem do mundo, que se opõe ao status de artista. Segundo Baudelaire, o homem do mundo é aquele atento, com olhos de águia, observando sempre as pequenas mudanças, os detalhes, o que parece, a olhos comuns, insignificantes. Estes pequenos detalhes em meio a multidão que o pintor moderno rapta e representa na mobilidade de seus elementos.
O comportamento diferenciado de Guys na pesquisa da modernidade define o transitório como metade da arte, uma vez que a outra metade reside no eterno, no imutável.
Baudelaire diz ainda que buscar no passado modelos para representar o presente, é reproduzir falsidade e ambiguidade. Sugere que o façamos como incontáveis desenhos reproduzidos através do imaginário, do simbólico e não do resultado de observação de um modelo vivo. Definindo um novo conceito de criação.
Guys defende a simplicidade de técnica quando diz que a mesma pode produzir efeitos surpreendentes, uma vez que é assim que o faz com técnica rápida de desenho, para que não se perca o furor da expressão.