resenha um defeito de cor
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Resenha: “Um defeito de cor”, Ana Maria Gonçalves A palavra “Serendipidade” é o ponto-chave que dá início a narrativa da obra “Um defeito de cor” de Ana Maria Gonçalves. No prólogo Gonçalves nos apresenta o significado da palavra serendipidade é “usada para descrever aquela situação em que descobrimos ou encontramos alguma coisa enquanto estávamos procurando outra, mas para a qual já tínhamos que estar, digamos, preparados. Ou seja, precisamos ter pelo menos um pouco de conhecimento sobre o que “descobrimos” para que o feliz momento de serendipidade não passe por nós sem que sequer o notemos”. Existe toda uma ênfase sobre aquilo que concebe e do que representa a palavra serendipidade, pois para Ana, a sua própria criação é fruto daquilo que serendipidade é. A história em si da obra “Um defeito de cor” tem como base documentos achados ao acaso por Ana, e para ela tais documentos podem representar tanto uma história real quanto fictícia. Real pela precisão dos dados históricos presentes e fictícia pelo fato de que seres humanos são conhecidos pela criação de imagens heroicas para dar sustentação em momentos de grandes dificuldades. “Não nos davam comida todos os dias, e me acostumei a isso. Acho que todos nós acostumamos, gostando de uma certa sensação de conforto causada pela fome e pela fraqueza. Era como se o espírito se separasse do corpo e ficasse livre e solto, tanto da carne quanto do porão do navio”. Com esse trecho percebemos certa crueldade do ambiente pela situação, mas ao mesmo tempo é percebível uma escrita poética ao relacionar tal sofrimento com um sentimento de liberdade. O navio negreiro pode representar a essência de um processo complexo e ambíguo, pois ao mesmo tempo que ocorre uma descaracterização da humanidade dos negros que são sequestrados de sua terra, ocorre também um processo individual da subjetividade dos negros em contato com outros dentro daquele navio. O negro escravo então passa a construir uma identidade própria que é