Resenha - todo o conhecimento visa-se a constituir no senso comum
Todo o conhecimento visa-se a constituir no senso comum
No texto “Um discurso sobre as ciências”, Boaventura de Souza Santos expõe várias teses sobre o “paradigma emergente”. A ultima delas é que “todo o conhecimento visa-se a constituir no senso comum”.
Precisamente, o que o autor quer afirmar é que no paradigma emergente, a ciência pós-moderna, ao contrário da ciência moderna, não entra diretamente em conflito com o senso comum, mas sim tenta comunicar-se com ele, deixando-se penetrar pela forma de conhecimento vulgar presente no cotidiano. O senso comum, por mais mistificador que possa ser, enriquece a experiência de mundo do cientista assim como a ciência encanta o leigo.
Boaventura aponta que há algo de utópico e libertador no senso comum que pode ser ampliado através da ciência. Essencialmente, os elementos da dinâmica prática e pragmática, pautada na experiência de vida dos indivíduos, dá uma dimensão transparente e evidente, que justamente por ser superficial consegue ser hábil em captar a profundidade horizontal das relações.
Como o autor afirma, é cada vez mais evidente a aproximação da ciência com o senso comum. Falando-se do cientista como sujeito, pode-se afirmar que a visão mistificada ao redor do cientista, que tratava-se do homem vestido de branco, que estava preso em laboratórios, experimentando somente com variáveis manipuláveis, está cada vez mais sendo jogada fora. A separação entre ciência e senso comum, experiência e cotidiano é cada vez mais tênue, e a tendência é que esse “muro”, demasiadamente alto na ciência moderna, se desfaça ainda mais. Atualmente, a ciência pode ser realizada em qualquer lugar, e isso se torna ainda mais verdade no campo das ciências humanas e no campo da psicologia.
Neste ponto, Boaventura de Souza Santos estava de fato 40 anos à frente de seu tempo, pois conseguiu captar mudanças sútis que são perceptíveis até hoje. A combinação dos elementos da ciência e do senso