Um discurso sobre a ciência
A obra apresenta a idéia de uma evidente crise de identidade nas ciências no tempo em que vivemos. Gradativamente expõe como a ciência falirá e como um novo espírito científico deverá substituí-la. O discurso do autor tem o objetivo de refletir sobre as ciências no seu conjunto, observando toda a sua trajetória ao longo dos séculos, bem como reflete a idéia de progresso científico, concluindo que ainda vivemos baseados numa ciência que tem muito a amadurecer. Para tanto, o autor propõe três discussões: o paradigma dominante, a crise do paradigma dominante e o paradigma emergente. O autor sustenta, inicialmente, que nos encontramos em uma fase de transição entre tempos científicos. Em seu discurso, Boaventura se dá conta que em meio a um aparato científico tão abrangente, as perguntas e questionamentos tão complexos já não são capazes de interrogar tamanho processo de desenvolvimento da sociedade. Ele acredita que os questionamentos simples como os feitos por uma criança são capazes de nos fornecer esclarecimentos tão próximos da realidade que nos forneceria mais segurança às tantas perplexidades do mundo moderno. O primeiro exemplo usado pelo autor é Rousseau, que buscou respostas por meio de perguntas elementares e simples. Para tanto, o autor estrutura a sua obra da seguinte maneira: 1º) caracteriza a ordem científica hegemônica; 2º) analisa, sob condições teóricas e sociológicas, a crise dessa hegemonia; 3º) propõe um perfil de uma ordem científica emergente, novamente sob condições teóricas e sociológicas. É neste sentido que Boaventura sustenta seu olhar firme sobre a ordem científica hegemônica, uma ciência que insiste em manter-se inflexível às reais necessidades humanas, analisa sob um olhar sociológico a crise dessa ciência e propõe um perfil de uma ordem científica emergente. Quanto à ordem científica dominante, ele questiona a estrutura deste modelo científico