Resenha sobre a relação entre ONG e Estado
Rogério de Souza Medeiros propõe uma análise das relações entre as Organizações Não Governamentais (ONGs) - que representam em certo aspecto a sociedade civil, e o Estado brasileiro. Para ilustrar essa comparação, Medeiros utiliza o contexto histórico e a frequente comparação da autonomia – elemento mais simbólico e defendido pelas ONGs que representa sua independência nas diferentes épocas políticas. Para dar embasamento ao artigo, o autor utilizou de pesquisas de coleta de dados, análises documentais, entrevistas com atores sociopolíticos e revisões bibliográficas. A questão cerne levantada por Medeiros no desenrolar do artigo é como fazer a manutenção da autonomia quando o Estado passa a representar uma fonte financeira. As interações entre as ONGs e o Estado são analisadas a partir de três períodos distintos:
1. Período das décadas de 1970 – 1980: Em meio à ditadura militar havia grupos que faziam ‘’oposição’’ ao regime vigente. Esses grupos futuramente iriam formular as Organizações Não Governamentais que seriam mecanismos de comunicação da sociedade para com o Estado. Os indivíduos que se organizavam nessa época desejavam modificar as estruturas de um regime opressor. O autor cita que as estruturas que viriam a formar as futuras ONGs inicialmente se concentravam no trabalho de educação popular com grande influência das ideias de Paulo Freire. Outro fato aludido refere-se à instituição da Igreja Católica da America Latina que passava por mudanças e constante questionamento referente a qual papel deveria desempenhar na sociedade. A partir disso, a instituição católica influenciou na formação de “grupos politicamente ativos”, proporcionou proteção aos ativistas de trabalhos comunitários e foi de grande importância por ela não representar uma real ameaça na perspectiva do