Resenha sobre a obra "a hora da estrela", de clarice lispector
LISPECTOR, Clarice, A Hora da Estrela – Rio de Janeiro: Rocco, 1977.
Em a Hora da estrela, livro publicado em 1977, Clarice Lispector conta em 87 páginas a estória de Macabéa, uma jovem alagoana de dezenove anos, ingênua e inexperiente que após perder a tia, que era a sua única referência familiar, vai morar no Rio de Janeiro. Para tanto a autora se utilizou de um narrador, Rodrigo S. M., o qual se apresenta logo nas primeiras páginas da obra. Este, um exemplo típico do estilo clariceano, aquele que dialoga consigo mesmo constantemente, que explora o psicológico, que se questiona sobre a arte de escrever e principalmente escrever sobre esta moça virgem que se doía o tempo todo.
Macabéa nasceu no interior de Alagoas e depois foi para Maceió, mas não conheceu seus pais e foi criada por uma tia que lhe maltratava, que de certa forma a excluiu do mundo dos “normais”, que injetou em sua cabeça a ideia de que tudo é do jeito que é que tudo é aceitável, que tudo tem que ser assim e que não podemos mudar nada, mas a tia morreu e ela foi morar no Rio de Janeiro, conseguiu uma vaga num quarto que dividia com outras quatro moças num sobrado colonial antigo e tornou-se datilógrafa. Levava uma vida no mínimo simples, apagada, aliás, ela não sabia o que era viver, apenas sobrevivia. O seu prazer se resumia em comer pão com salsicha e beber Coca-Cola. E o seu mais fiel companheiro era um rádio emprestado que transmitia a rádio Relógio, o seu único vínculo de comunicação com o mundo, com a cultura que ela nem tinha consciência do que fosse. Todo o seu diminuto conhecimento e suas frases feitas eram extraídos das ondas sonoras da rádio Relógio. E todos os domingos acordavam cedo sob o pretexto de ficar mais horas sem fazer nada. Ela se olhava no espelho, talvez para ser a sua própria admiradora já que ela não despertava olhares de ninguém, era um ser totalmente despercebido.
No trabalho ela frequentemente