resenha sertanejos
NEVES, Erivaldo Fagundes. “Sertanejos que se venderam contratos de trabalho ou escravidão dissimulada”. Afro-Ásia, 19/20 (1997), pp. 239-250.
No século XIX, mais especificamente nos anos de (1857–1861), a Bahia e todo Nordeste estava passando por um momento de uma grande estiagem, uma das mais catastróficas. Este cenário de seca, gerou muito desconforto no que diz respeito a abastecimento de alimento e o preço da farinha de mandioca e da carne verde, esta crise de abastecimento de alimentos de primeira necessidade, em alguns lugares, como no sertão baiano, levaram pessoas a se venderem pela ração diária, em outros lugares como na Capital da província levou a disputas, como a ocorrida entre o Presidente da província e a Câmara Municipal de Salvador, e a protestos que por final levou ao motim de !858.
Segundo escreveu João José Reis e Márcia Gabriela D. Aguiar, por muito tempo vários Historiadores acreditavam que este tipo de movimento — como o motim de 1858 ─ seriam explicados a partir das altas dos preços e pela fome dos envolvidos nos protestos, no entanto, Reis e Aguiar apresentam no artigo um estudo feito por E. P. Thompson, onde é exposto argumentos que combatem o food riot (expressão utilizada pela historiografia para referenciar a protestos contra escassez de alimentos e carestia), como sendo uma expressão imediata a falta de alimento. Os autores acreditam que seja possível pensar esse movimento que ocorreu em salvador, a partir do food riot de Thompson, e partindo disto Reis explica que o motim de 1858, não dá para ser entendido apenas pela fome, mas que a muitas questões políticas envolvidas.
Como a alta dos preços e a escassez de comida de primeira necessidade não foi um fator que necessariamente levou a população ao motim, outras questões têm que ser levada em conta para que se possa