Resenha Preconceito Linguistico - Marcos Bagno
Marcos Bagno é professor do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade de Brasília, doutor em filologia e língua portuguesa pela Universidade de São Paulo, tradutor, escritor com diversos prêmios e mais de 30 títulos publicados, entre literatura e obras técnico-didáticas. Atua mais especificamente na área de sociolinguística e literatura infanto-juvenil, bem como questões pedagógicas sobre o ensino de português no Brasil. Em 2012 recebeu o Prêmio Jabuti (o mais importante prêmio literário do Brasil)com a obra As memórias de Eugênia .
No livro Preconceito Lingüístico – O que é, como se faz, Bagno traz uma discussão sobre as implicações sociais da língua. Ele já discutiu em seu livro A língua de Eulália, Novela Sociolingüística a forma preconceituosa com que a língua é tratada na escola e na sociedade e retoma essa discussão no Preconceito Lingüístico.
Entende-se como preconceito linguístico o julgamento depreciativo contra determinadas variedades linguísticas. O julgamento desrespeitoso e consequentemente humilhante da fala do outro ou da própria fala geralmente está associado a grupos de menor prestígio social.
De acordo com as primeiras palavras do livro, existe uma regra de ouro da Lingüística que diz: "só existe uma língua se houver seres humanos que a falem". Aristóteles nos ensina que o ser humano "é um animal político". Usando essas duas afirmações chegamos à conclusão de que "tratar da língua é tratar de um tema político", já que também é tratar de seres humanos. Temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que a falam.
O Preconceito Lingüístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, um molde de vestido não é um vestido, um