Resenha Medo Líquido
Introdução.
Bauman inicia seu livro já apresentando o conceito de “medo de segundo grau”, também denominado “medo derivado”, que seria um sentimento social e culturalmente reciclado capaz de orientar o comportamento humano mesmo quando não há uma ameaça imediata. Seria, portanto, uma sensação de insegurança, de vulnerabilidade.
O autor afirma que o que mais amedronta os homens é a ubiquidade dos medos, que podem partir das outras pessoas e até mesmo da natureza. Novos perigos são descobertos todos os dias, e há muito mais infortúnios sendos anunciados do que aqueles que acabam se concretizando.
Convenientemente ao mundo capitalista, muitos desses novos medos entram na nossa vida junto aos seus remédios: a economia de consumo depende de consumidores, que precisam ser produzidos para os produtos destinados a enfrentar o medo. Estabelece-se, então, uma relação entre medo e consumo: o medo cria um sentimento de carpe diem, condizente com a lógica da vida a crédito
O sociólogo também comenta sobre os riscos dos distintos perigos a que estamos sujeitos, e diz que só podemos nos preocupar com aquilo que podemos prever, e é só dessas coisas que podemos escapar. Conclui que os riscos são os perigos “calculáveis”.
O ambiente de neblina, não em plena escuridão, mas ainda assim não em luz, direciona nossos esforços de precaução sobre os perigos visíveis, conhecidos e próximos, cuja probablidade possa ser calculada, ainda que os perigos mais assustadores sejam justamente aqueles que dificilmente podem ser calculados.
Outro conceito apresentado é o da “síndrome de Titanic”: é o medo de que algo ocorra com a civilização e ela perca suas bases elementares, um colapso capaz de atingir a todos, ferindo indiscriminadamente. Estamos cada vez mais dependentes de sistemas complexos, e por isso até pequenas descontinuidades podem produzir efeitos gigantes sobre a vida social, ambiental e econômica.
Um temor maior do