Resenha max e os felinos

Max e os Felinos (L& PM POCKET, Porto Alegre 2009), do escritor brasileiro Moacyr Scliar, é obra de leitura dinâmica e apaixonante, sobre um tema que incomoda muito, e que traz certo desconforto, por ser, ainda em nossos dias, bastante atual. A narrativa de conteúdo político aborda questões que envolvem a autoridade sob o prisma da opressão e do medo. A vida de Max é orbitada por figuras de felinos – uma representação desses poderes que o cercam e o acompanham desde o nascimento (Berlim 1912). É filho único de Hans e Erna Schmidt. O pai é um comerciante de peles, proprietário de uma loja com nome sugestivo: “Ao Tigre de Bengala”, referência que faz à fera que ele mesmo abateu numa caçada na Índia. Também é homem de conduta bastante duvidosa, grosseira e agressiva, que impõe respeito através do medo, principalmente no trato com a família. Erna é o oposto extremado do marido, uma mulher com certa cultura e de quem ele (Max) herdara a docilidade e sensibilidade. Não bastasse o pai como figura opressora, eis que surgem situações de semelhante desconforto e medo com outros “felinos” (poderes) talvez ainda maiores: Os Estados ditatoriais, violentos, repressores e desumanos. No caso específico dele, o Nazismo na Alemanha e a Ditadura Militar no Brasil. É nesse cenário político que a trama se desenrola.

Na sua infância e parte da adolescência Max convive com uma figura paterna severa e castigadora - representada pelo tigre empalhado atrás do balcão - que não admite opinião contrária e resolve tudo na irracionalidade da força. Nesse mesmo período ele cria uma espécie de abrigo imaginário na loja do pai, em meio às peles, para onde corria sempre que se sentia ameaçado ou com medo.

Já na fase adulta, aos 19 anos conheceu e passou a se relacionar com Frida, esposa de um militar nazista. Descoberto, é obrigado a fugir para o Brasil, um país que habita o seu imaginário. Na fuga, o navio em que esta junto com a tripulação e alguns animais, naufraga. Ele consegue soltar das