Resenha mar adentro
Ramon consciente sente que viveu bem, mas sabe que sua vida depois do acidente se resumirá numa cama, paralisado, sobreviveu a esta condição por 28 anos e deseja a sua liberdade, voar como um pássaro, não deseja mais a humilhação de ser cuidado nas mais básicas atividades cotidianas de higiene e alimentação.
Esta dependência, e o luto familiar diante de seu estado se constituem em mensagens ambivalentes em que o conteúdo verbal vem sempre acompanhado do conteúdo não-verbal como semblantes, angústias, isolamento mesmo tendo todo o carinho, nunca estará presente na mesa durante as refeições, portanto confirma a dor que envolve todos. Ramon deseja uma boa morte, sem dor, sem sofrimento. As vontades de Ramon não serem escutadas lhe causam muito sofrimento, em meio a este drama, ele sente amor, ternura, faz amizades, encontra pessoas e situações que lhe chegam como “situações irmãs”, encontra sentido no não-sentido, mas em vez de distanciar-se da idéia da Eutanásia, Ramon percebe a morte como algo mais próximo ainda, investe em buscar aliados e acaba recebendo ajuda na sua morte e esta ajuda que recebe, as novas amizades, a gravidez da amiga e o nascimento de uma nova vida resgatam a vida que ele viveu, dão sentido a liberdade de fazer-se sentido, em viver, no sentido do que lhe seja mais humano.
Atualmente não existe possibilidade de se recorrer a Eutanásia, é contra a lei, porém os profissionais de saúde devem aprender a lidar com os pacientes que lhe trazem estas questões e na medida de suas possibilidades poderem escutá-los e dizer-lhes claramente que não podem executar determinado pedido, uma vez que na medida em que se compartilhem sentimentos e impotências não se está abandonando este paciente, respeitar significa saber ouvir, envolve