Resenha documentário "maioria absoluta"
O filme brasileiro, datado de 1964 e produzido sob a direção de Leonel Hirszman, trata de um problema social, o analfabetismo. Utiliza-se predominantemente do Modo Expositivo para o desenvolvimento da narrativa. Como o documentário é curto (cerca de 16 minutos) diversas questões que giram em torno dessa dificuldade são apresentadas superficialmente, sem aprofundamento. As primeiras cenas retratam pessoas – aparentemente da classe média – opinando sobre qual seria a maior crise do Brasil. As respostas apresentadas são distintas: uma jovem diz que não há crise; já um senhor afirma que o que existe é um problema moral; logo em seguida, o analfabetismo é apresentado como uma das dificuldades que o país enfrenta. Na sequência, o direito de voto do analfabeto é colocado em xeque. Por fim, uma voz (com um discurso extremamente reacionário) afirma que estrangeiros de países desenvolvidos deveriam ser importados para o Brasil para se misturarem e melhorar a educação. Num segundo momento são apresentados dados estatísticos sobre a questão, enquanto vão passando cenas de uma feira livre no Nordeste. Até que o diretor entrega o microfone aos analfabetos dizendo que eles merecem falar, já que estes são a maioria absoluta. No entanto, do que é dito, pouco se consegue compreender. É então que a base da tese principal do documentário é apresentada: que o analfabetismo mora nas regiões mais pobres, com baixa expectativa de vida, longe dos centros urbanos. Para confirmar as teorias dos produtores, a principal estratégia utilizada na montagem é da utilização de uma voz em off – a voz de Deus – que vai explicando as cenas, apresentando dados e sendo contextualizada pelas imagens. Essa narração parece ser distinta do mundo, proveniente de um lugar de conhecimento superior. No filme, ainda são problematizadas questões como a distribuição de terra e as plantações de latifúndio que não produzem alimentos para